domingo, 29 de novembro de 2015

O sufoco...

Depois de 8 dias, 19 horas e 16 minutos regressamos a casa;
Depois de muito sufoco;
Depois de muito choro;
Depois de muita ginástica emocional;
Depois de muito olhar para o relógio;
Depois de muito correr;
Depois de muitas noites em claro.

Voltamos a ter a família reunida.

Agradeço a toda a equipa da Unidade de Cuidados Especiais Pediátricos, onde passamos 4 dias e 4 noites, onde fomos tão bem tratados, onde nos explicaram tudo e nos receberam numa unidade que tem tudo para ser fria e impessoal e a tornaram familiar, amiga e acolhedora.

Tenho de nomear a enfermeira Leonor, à enfermeira Raquel, à enfermeira Sílvia, à D. Deolinda que apesar de só ter estado no 1.º dia tanto me consolou, todas elas por mim e pelo Tomás mas também a mais algumas pessoas da equipa que não sei o nome por terem estado no turno do Maisquetudo.

Agradeço a toda a equipa da enfermaria da Pediatria geral, especificamente à enfermeira Patrícia, que ela não disse mas eu sei, salvou o meu menino.

Eu sei que isto não é nada comparando com o sufoco de algumas famílias, mas foi o meu sufoco, ter o meu menino de 30 dias internado numa unidade especial, foi a pior experiência da minha vida.

Agradeço a todos os amigos e família que se preocuparam, rezaram e nos apoiaram nos últimos dias.

A ti que a 1448km de distância me ouviste horas a fio, limpaste as minhas lágrimas e choraste comigo. Sim, foste a irmã que não tenho, o meu apoio quando tudo estava a desmoronar.

A ti que me confortaste apesar de precisares tu de ser confortada e tanto ajudaste na logística que a minha grande família implica.

A ti que me ligaste todos os dias e estás sempre presente quando eu preciso.

A ti que me enviaste SMS por não saberes se podias ligar.

A ti que não falamos há meses mas que falámos todos os dias.

E um especial obrigado a ti maisquetudo, que mal ou bem, fomos abaixo juntos, mas juntos nos organizamos, nos recomposemos, nos amamos e fizemos e fazemos tudo o que for preciso pelos nossos filhos.

São nos momentos difíceis que as famílias se recompõe, os amigos se reconhecem e o amor se espalha em virtude de um bem maior.
E foi o que senti, senti família, senti amigos, senti amor.
A todos, obrigado.

Agora, resta-nos respirar fundo, e rezar para que o maldito vírus não atinja para o outro gémeo e todos juntos pudermos ver os gémeos crescerem.

Ass.
Eu mãe, mulher, menina  

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

E porque não???

Nas mudanças cá de casa foram compradas caixas novas para os brinquedos.
E não é que a M decidiu renova-las?

Apareceu-me na cozinha com as tampas das caixas neste estado.
Acho que a minha cara de pânico não foi transparente.

 - Mãe olha o que eu fiz? E fiz com as canetas especiais!!!

E porquê ralhar? 
As caixas não são dela?
Porque não decora-las à maneira dela.

A mania dos adultos quererem o mundo a preto e branco.


Ass.:
Eu mãe

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Dar de mamar emagrece


Se dar de mamar emagrece?
Sim sim, claro que sim, então a 2 emagrece e muito.

Ora então vejamos.
O dia tem 24 horas.
  • Se eles fazem 6 ou 7 refeições cerca de 2 horas em cada faz 12 horas em que não se consegue comer - sobram 12 horas para comer;
  • Com sorte, conseguimos dormir cerca de 4 horas por noite (em turnos de 2 horas cada) - sobram 8 horas;
  • Depois temos de beber água, muita água, primeiro porque temos sede e depois porque faz ter mais leitinho que é o que se quer. Por aqui sem esforço tem-se bebido cerca de 3 litros de água por dia. Logo, a barriga fica cheia e sem espaço para comida;
  • Temos coisas para fazer, almoço, jantar, banhos, dar chucha quando choram, lá se vão mais umas 3 horitas nisto, não? sobram 5 horas para comer;
  • Com 5 horas para comer ainda se pode comer muita coisa, dizem vocês. Mas cada vez que nos dá a fome, comemos este mundo e o outro, pelo que a comida cá em casa desaparece à velocidade da luz e quando quero comer, já só sobram bolachas Maria ou coisa assim.
Ass.:
Eu mãe esfomeada mas com menos 14 Kg

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Medo ou esperança?


Tenho-me contido de escrever sobre os atentados em Paris.
Publico uma ou outra frase feita, mas o que vai cá dentro da minha alma, tem ficado comigo, mas está na hora de o partilhar.

De todas as atrocidades que correm o mundo, esta, por ter acontecido agora, no momento em que tenho 2 filhos recém-nascidos, faz-me ter medo, muito medo e encolher-me como menina que sou.

É este o mundo que tenho para oferecer aos meus filhos?
Terá sido um acto de egoísmo meu e do pai, querermos colocar neste mundo de crueldade mais vidas. Não bastava já os que tínhamos para sentir o frio no estômago de cada vez que se vêem notícias cruéis?

Os meus filhos, todos eles, que hoje estão comigo, serão (se é que não são já) filhos do mundo. Poderão um dia estar a ver um concerto e uns animais entrarem lá e cometerem atrocidades como estas.
Os meus filhos que amo mais que a minha própria vida, poderão um dia ficar sem mãe porque uns bárbaros decidem amar mais a religião do que o mundo.

Podiam ser outras as notícias, o namorado que matou a namorada, o outro que atropelou e fugiu, o que violou e espancou a rapariga que ia passar na rua, o que faz bullying na escola.
Fossem quais fossem as brutalidades cometidas, o facto de ter filhos faz-me ter medo.

Mas depois vejo os jornais.
Aquele senhor que perdeu 3 minutos da sua fuga para ajudar a senhora pendurada no parapeito;
Ou aquele outro que colocou uma desconhecida debaixo de uma cadeira para a salvar;
Ou o que tapou a cara da rapariga que se fingia morta;
Isto para não falar nos que abriram a porta de sua casa para socorrer quem conseguia fugir.

E aí vem a esperança, a esperança num mundo melhor.
A constatação que ainda há pessoas boas no mundo. Que há pessoas que além do amor próprio e o amor pelo seu Deus, têm amor pelo outro.
E o medo é substituído pela esperança, a menina é substituída pela mulher que sou. 
E vem a vontade de ter mais e mais filhos e educa-los com todo o amor que há no mundo para que também eles amem o próximo e juntos seremos mais e melhores para construirmos um mundo onde possamos viver sem medo.

Será que conseguimos?
Eu quero acreditar que sim.
Eu vou agarrar-me à esperança.
Eu vou agarrar-me ao amor.
Eu vou ser a mulher e não a menina.
Vêm comigo?

Ass.:
Eu mulher

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

E já fomos passear



Pois então, já fomos passear ao jardim.
Aproveitar estes dias de sol enquanto existem que daqui nada vem o inverno e não podemos sair.

Levamos o nosso mega carrinho.
Cabe na porta de casa, mas para sair do prédio temos de descer escadas, pelo que...
Saímos pela garagem tal e qual um automóvel.

Ass.:
Eu mãe

sábado, 14 de novembro de 2015

O descanso dos guerreiros

A definição de conceitos vai alterando ao longo da vida e das circunstâncias.

Eu adorava dormir (de dia nunca consegui, mas de noite...) as 9 horas de sono por noite era o ideal.

Hoje, uma boa noite se sono é dormir 6 horas e...
2 horas das 21.30 às 23 horas
1h30m quase 2 horas das 2h às 4h
2 horas das 5.30 às 7.30

E soube-me tão bem...
Sinto-me rejuvenescida.

Ass.
Eu mãe

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Por estes dias...

















Dar de mamar aos 2 ao mesmo tempo é difícil, admito.
Quando se tem ajuda, facilita um pouco, mas sozinha então as dificuldades triplicam.
Ora um sai da mama, ora sai o outro, ora é um que adormece, ao acorda-lo sai o outro da mama.
Por um a arrotar e o outro ainda na mama, ter os 2 a dormir em cada mama.
Isto para não falar que eles são 2 seres vivos com vontade própria e a cada mexidela, deles e minha vão enterrando-se cada vez mais na almofada até se escaparem por completo.
Também temos o problema aqui da vaquinha. quando eles saem da mama, esta jorra leite, às vezes para cima, para baixo, em jato e temos roupa molhada deles, minha, almofada, enfim.
Agora tento logo tapar, mas como os mamilos andam um pouco doridos de tanta mamadela, tem creme reparador, que se tem de retirar de cada vez que eles vão à mama. Ora se tapo, depois tenho de limpar novamente.
Sim, é uma complicação.

Ah e tal e se deres de mamar a um de cada vez?
Pois bem, também se dá.
Quando um dorme serenamente não tenho coragem de acordar o outro.
Aí tudo fica mais fácil, tempo para cada um, calmamente, gozar cada minutinho, aproveitar cada momento bom e relaxar em cada azar que acontece.

Mas é maravilhosa esta sensação de puder alimentar os meus filhos ao mesmo tempo.
Puder dar-lhe o que eles precisam.
E depois, se der a um de cada vez, quando é que eu como, durmo ou faço xixi?
Entre as mamadas de um e outro sobra o quê 30 min?

Daí que por estes dias temos conseguido, mas se não conseguir também não faz mal, o importante e estarmos os 3.

E não é maravilhosa esta serenidade?

Ass.:
Eu mãe

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A fotocopiadora não é assim tão boa

No início era difícil distingui-los.

Admito que nos primeiros dias memorizava-os pela roupa e cheguei a confessa-lo ao pediatra na consulta dos 8 dias.

Hoje, acho que fotocopiadora não é assim tão boa, são tão diferentes, tanto fisicamente como de feitio.

O P é maior, come mais, tem a cara mais longa, já parece mais bebé e menos ratinho recém-nascido. Gosta de chucha, mas se a perde irrita-se muito e desata num pranto. Refila um bocadinho ao mudar a fralda.

O T é mais pequenino, a cara redondinha e quando a enruga parece um velhinho. Tem uma gana para comer descomunal, mas é muito trapalhão e não encontra a maminha mesmo com ela enfiada na boca. Gosta de chucha, raramente a perde, mas se perder continua a dormir que isso não o aflige. Quem lhe muda a fralda está a fazer-lhe um favor, pois o ar de satisfação não o esconde.

Dormem juntinhos e nem um nem outro se incomoda se o outro chora. 
O T é mais matreiro e dá bastantes murros no irmão, que por sua vez aproveita a mão do irmão para chuchar.

O meu coração cresce todos os dias a ver todas as semelhanças e diferenças e a amar toda e cada uma na sua individualidade.

Ass.:
Eu mãe babada

Só para acrescentar...

Só para acrescentar que nesta mamada tive direito a um jato de cocó de fralda aberta e o cenário do quarto não foi bonito de se ver.

Valha-nos ao menos que ficou de tripa limpa e tem menos hipóteses de se queixar de dor de barriga.

Ah! E a única peça de roupa que sujou foram as meias.

Ass.:
Eu mãe, a tentar ver o copo meio cheio desde 1980

"Ah e tal anda desaparecida do blog"

Dedicado a todos aqueles que perguntam se dá muito trabalho ter gémeos.

Aos 22 dias, uma manhã típica é assim:

4.35 da manhã.
Acorda o T.
Começo a dar mama ao T.
Acorda o P.
O pai dá uma ajuda e pomos os 2 à mama.
Adormece o T na mama, tento acordar, sai o P da outra mama.
Retomamos a mamada com a ajuda do pai.
Voltam a adormecer.
O pai faz suplemento e eu mudo fralda ao T.
Pai dá suplemento ao T e eu mudo a fralda ao P e recomeço a mama (afinal tinha começado mais tarde).
O pai acaba o suplemento ao T põe na cama e vai fazer outro para o P.
Acabo a mama ao P e dou suplemento.
Ponho na cama e adormece.
São 6 da manhã.
Vou tomar banho que é a única altura do dia que consigo.
Acabo banho, a M está acordada.
Vamos tomar pequeno almoço as 2.
O Pai já tomou e vai tomar banho.
Vamos lavar dentes, escolher a roupa e vestir.
8.20 hora do pai levar a M para a escola e ir ele para o trabalho.
8.22 P começa a dar sinal de acordar.
8.38 acorda mesmo.
Começo a dar mama ao P.
P começa a adormecer na mama.
Vou mudar fralda ao P.
8.53 T começa a dar sinal de acordar.
Engano a fome com a chucha, coisa que me dá para uns 3 minutinhos antes de desatar num pranto total.
Dilema: deixo-o chorar durante mais 20min enquanto termino com o que está ou faço malabarismos?
Tiro o P da mama e ponho em cima da minha cama.
Tiro o T da cama deles e ponho à mama.
Puxo o P de cima da minha cama e com uma mão consigo por sozinha os 2 na mama.
Nesta altura sinto-me a super mulher.
Bem haja almofadas de amamentação.



Passado 5min adormecem os 2 na mama.
Tento acordar-los sem sucesso.
A boca de um sai da mama, tento voltar a por, com sucesso.
A boca do outro sai da mama, tento voltar a por sem sucesso.
Com um numa mama, coloco o outro a arrotar no meu ombro.
Arrotou, volta à mama.
O outro adormeceu.
Volto a acordar e tento que arrote.
Tiro P da mama e ponho no berço.
Vou mudar fralda ao T para o acordar e voltar à mama.
Mudo a fralda e começa a fazer coco na hora, aguardo um pouco.
Tenho esperança que o P já esteja a dormir, mas logo desaparece porque oiço os barulhinhos dele no berço.
Nova fralda ao T e ele continua a fazer.
2.ª fralda ao T.
Volto ao quarto, P acordado e coloco o T na mama.
Oiço o P a fazer coco.
O T termina na mama, ponho a arrotar e ponho no berço.
Tiro o P do berço e vou mudar a fralda.
Mudo e volta ao berço, o T já dorme, mas o P ficou desperto que nem sei lá o quê.
São 10.20 e vou comer o meu lanche a meio da manhã que os cereais já se foram há muito.


Duração desta da mamada: cerca de 2 horas
Fraldas sujas: 5 fraldas
Roupa suja: 0 a custo de 22 dias de muita prática
Choro: quase nulo a custo de muito malabarismo, mas nem sempre é assim às vezes há choro de horas


E é por isto que:


Suponho que estão compreendidos alguns extras dados a mães de gémeos, e são poucos na minha modesta opinião, está percebido o facto de aos 22 dias eu já te perdido os 14 kilos da gravidez, estão justificadas as minhas olheiras até ao pescoço.

Inveja?
Só se for da felicidade que vivemos de termos os bebés mais lindos do mundo.

E agora se me permitem, vou hibernar mais um pouco deste blog porque resta-me 1 hora até à próxima mamada e tenho 2 maquinas de roupa para passar a ferro.

Além disso quero aproveitar todos aqueles 5 minutinhos em que eles acordam e ainda não desataram num pranto com fome, para abusar de beijos e cheirar naqueles pescoços maravilhosos.
Ah uma das muitas vantagens de serem 2 é que podemos tanto eu como o pai estar a goza-los ao mesmo tempo, sem um ter de ficar a olhar à espera 
:P


Ass.:
Eu mãe

Chegámos

A cegonha aterrou no dia 21 de Outubro.
Somos lindos e a fotocópia um do outro.
Fomos logo para o quarto com a nossa mãe e deixamos todos muito felizes.


Ass. :
Eu mãe