segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

O corredor dos brinquedos

 
 
Num hipermercado estávamos todos no corredor dos brinquedos para a M escolher um brinquedo para oferecer numa festa de anos.
Um dos gémeos tira um daqueles computadores didáticos da prateleira.
O outro também gosta e rouba ao irmão.
O primeiro começa a tentar morder o segundo enquanto lhe tira o dito computador.
O Mais que tudo inteiramente dedicado a ajudar a mais velha e eu a tentar perceber o que a M quer levar vou dizendo: parem quietos...brinquem os dois... não morde o mano...
Vou colocando a mão de forma a ele não conseguir morder...
Enfim, um espetáculo bonito de se ver.
Até que me passo e tiro o computador da mão dos dois e arrumo na prateleira.
Começam a chorar num pranto os dois em coro.
Foi literalmente em coro.
Habituada que estou a estas cenas não dou importância nenhuma e deixo-os chorar.
Afinal não vou ceder a uma birra só porque estão a chorar num hipermercado.
M e Mais que tudo nem reparam tal é a nossa vida cheia de birras.
 
Pois não é que um senhor descansadinho da vida, sozinho, com toda a tranquilidade do mundo (coisa que não existe no meu mundo) a olhar para as prateleiras um brinquedo, dirige o seu olhar para os miúdos e lança um olhar reprovador para cima de nós (eu e o pai), do género... não estão a ouvir miúdos a chorar?
Mas um olhar mais reprovador que eu já senti na minha vida. Qual olhar da minha mãe para a minha roupa quando nos meus 15 anos quando ia sair à noite? Muito mais reprovador.
Ainda lhe respondo, feita parva: "com 2 a coisa às vezes complica..."
 
Mas depois penso:
 - Quem é o raio do senhor para me estar a olhar assim de lado só porque estou a resolver uma crise entre irmãos?
 - O senhor sabe que acabei de vir do centro de saúde, estou com uma amigdalite em cima e ainda assim vim ao shopping para comprar o meu antibiótico e já que cá estamos comprar a m#@da prenda? 
 - E sim vim com os 3 miúdos porque é sábado e não tenho onde os deixar e ninguém faz as coisas por mim?
 - O senhor sabe que desde há 2 anos para cá é rara a noite que durmo mais de 4 horas seguidas?
 - O senhor por acaso tem filhos?
 
E é isto, pronto apetece-me que a cena se repita para eu fazer estas e outras perguntinhas a quem se meter comigo.
 
Ass.:
Eu mãe

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